Tchibum escreveu:Marushio escreveu:POutz meu amigo, eu tava pensando o mesmo nessa semana hauhuaauahauhauhau
mas veja a pegada, ontem sai do trabalho as 3:30 da madrugada, voltei as 9 e ainda estou aqui neste momento

Faça concurso para Assessor parlamentar em Brasília que terá tempo de sobra!

Tchibum e Marushio, ledo engano!
Eu sou assessor parlamentar, de uma deputada federal pelo Amazonas. Estou lotado no escritório dela em Manaus e, mesmo assim, não tenho tempo de sobra. Basta ver os horários em que são colocados alguns posts meus aqui no Fórum. Sorte que hoje é domingo, para eu postar a essa hora. Imagine se estivesse direto no gabinete! Aqui em Manaus, além de apoiá-la quando ela está na cidade (de sexta a segunda), fico responsável pelo clipping de tudo o que sai na imprensa sobre ela ou de interesse dela (os temas com que ela costuma trabalhar mais, como meio-ambiente, políticas para as mulheres, cooperativismo e para micro e pequenas empresas), na organização dos eventos que ela promove ou participa na capital amazonense. Ou seja: reuniões, congressos, palestras, seminários, encontros com instituições diversas, visitas a rádios, jornais, emissoras de TV, etc. Sem contar os eventos nos quais ela é organizadora, como o Fórum das Águas de Manaus, cuja realização envolve ao menos 3 meses de planejamento/execução e, depois do evento (que já está na quarta edição), são outros dois meses para desenvolver o relatório e seu envio aos participantes. Sem contar os projetos de lei, ofícios e requerimentos que surgem depois de cada um dos quatro fóruns já realizados (em abril foi o último).
As pessoas acham que parlamentar só trabalha 3 dias na semana. Isso é outro engano que a imprensa não faz nenhuma questão de desmentir. As reuniões no plenário acontecem sim, 3 vezes na semana. Mas fora do planário, acontece muita coisa, aliás, acontece a maior parte do trabalho do parlamentar. São reuniões de comissões nas quais o deputado ou senador preside ou faz parte, audiências públicas, CPIs, etc. Faça uma visita ao Congresso fora dos dias de sessão plenária e você, ao passar pela salas das comissões técnicas e nos gabinetes, verá tudo funcionando e muita gente trabalhando. São os assessores parlamentares, tanto os efetivos (da estrutura do Congresso) como os comissionados (como eu), das estruturas dos gabinetes parlamentares.
Além de ser jornalista e exercer essa função atualmente como assessor parlamentar, sou casado com uma vereadora de Manaus (que concorre à reeleição pela primeira vez) e cunhado de uma deputada estadual. Graças a Deus, tanto minha esposa, como minha cunhada e minha chefa, são excelentes parlamentares, muito dedicadas e comprometidas com a função. Existe quem não presta? É claro que sim! Como em qualquer atividade (profissional ou não) onde existam pessoas.
Infelizmente, é típico do brasileiro achar que ninguém na política presta, que todo mundo que se envolve é safado ou vira safado. Pois eu garanto que as três parlamentares com as quais tenho convivência direta (sem contar muitos que eu conheço) são pessoas dignas.
O problema é o brasileiro acha que os políticos corruptos nascem do carpete das casas legislativas, ou caem lá de paraquedas e, por isso, não têm nenhuma responsabilidade no processo. Esquecem que eles são ELEITOS! Eles vêm do nosso meio. Do meio de nossa sociedade. Então, só existe político ruim porque existe eleitor ruim, que vota sem analisar, sem pensar nas consequências, ou mesmo porque vende seu voto. É claro que isso pode parecer simplista, mas o fato é que o brasileiro não só é tolerante com a corrupção como é seu praticante. Muitos que condenam corrupção na política acham que fazer gato de energia elétrica pode, que sonegar imposto pode, que subornar o policial pode, que comprar produtos piratas pode, que fazer gato de TV a Cabo pode, e que, se estive numa posição em que estivesse em vantagem, como um cargo eletivo, agiria da mesma forma. Ou seja, usaria a "Lei de Gerson" (pobre Gerson...).
E tem gente que bate no peito com orgulho, dizendo que não gosta de política e que, por isso, vota nulo ou em branco. E ainda faz campanha para que outros façam o mesmo, como se isso fosse mudar a qualidade da política no país. Não muda! Isso é omissão! voto nulo ou em branco sequer é computado. Então, para todo mundo que vem com esse papo para cima de mim eu digo: amigo, se quer mudar a política, faça campanha pelo voto consciente! Quem não gosta de política, não se envolve em política (o chamado "analfabeto" político) sempre será governado por quem gosta de política. Então, quanto mais discutirmos e entendermos de política, melhor será o voto dado. Pois será um voto consciente. Veja a questão do Tiririca: um monte de analfabetos políticos votou nele, na gozação, para fazer um "protesto", achando que "pior não fica". Fica sim, pois o voto no Tiririca "puxou" o Valdemar Costa Neto, envolvido no mensalão. Que foi cassado, ainda bem! Aliás isso é outra coisa que quero destacar. Muita gente acha que os parlamentares se protegem, quando a realidade mostra que, uma vez comprovado o envolvimento de um parlamentar em atos ilícitos, o Congresso corta na própria carne. Vejam o caso recente do senador Demostenes Torres. Ainda teve 19 senadores, claro, que votaram pela permanência dele. Não seria o caso de os eleitores desses senadores repensarem seu voto, numa próxima eleição?
O problema de todo mundo achar que ninguém na política presta, ou que todo mundo que está na política só quer estar para se dar bem, é que vai chegar um tempo em que somente vai querer estar na política esse tipo de pessoa. Eu sei o que minha esposa ou minha cunhada sofrem com a quantidade de bobagem que sai na imprensa sobre coisas que não fizeram e não disseram. Então, a pessoa de bem que está na política, bem como seus familiares, fica muitas vezes questionando se estar na política vale a pena.
Por outro lado, vi a alegria de minha esposa quando, na votação do orçamento de Manaus para 2013, conseguiu aprovar uma emenda de sua autoria destinando recursos para a construção do primeiro Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD), um centro público para atendimento e tratamento de dependentes químicos, que o próximo prefeito (seja ele quer for) será obrigado a construir, pois já existe a previsão orçamentária para tanto. Então, isso faz com que o lado ruim de estar na política desapareça e sua atuação, capaz de mudar a qualidade de vida de milhares de pessoas, valha a pena.
Na verdade, em muitas ocasiões, tenho mais vergonha de minha profissão de jornalista (por causa dos maus profissionais) do que de estar, de algum modo, envolvido com a política.
Pensem nisso. Abraços a todos!